sábado, 14 de maio de 2011

Deus, Shakespeare e os Narcóticos Anônimos




"Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente."
William Shakespeare

Todos nós apegamos-nos a alguma coisa emocionalmente. Os integrantes do Narcóticos Anônimos tinham como suporte emocional o vicio nas drogas. Quando decidiram retirá-las de suas vidas precisaram encontrar algo que substituísse e sustentasse este apoio sentimental. E desta forma eles encontraram não apenas o apoio dos outros integrantes como principalmente o de Deus. Sim, Deus tem sua parte como "colaborador" da recuperação de um adicto. Todos eles, sem exceção, agradecem ao Todo Poderoso por todo o apoio e principalmente por conduzi-los a encontrar e permanecer no N.A. Outro fato que reforça a ideia de que "Deus está acima de todas as outras coisas" para um adicto é o fato de grande parte das reuniões acontecerem em fundos ou salões de Igreja. Aonde nós fomos era nos fundos de uma Igreja Católica. Aonde eu moro também tem reunião na igreja. Fato curioso, pois eles não tem relação com nenhum grupo religioso.
Tudo isso resume a forma como o N.A. funciona. Sem utilizar remédios, psicólogos ou terapeutas, eles acreditam que conseguirão ajudar ao próximo apenas com a conversa - algo que lembra a missão dos apóstolos da Biblia Sagrada e reforça a frase inicial de Shakespeare. E assim surge uma pergunta: isso é possível?
Eu responderia que sim. O ser humano precisa acreditar em alguma coisa. Seja em Deus, seja nas drogas ou seja no conselho do amigo. Precisamos de algo que ajude a amenizar a nossa dor porque todos nós somos "adictos" de algo.

Regiane Ap. de Sousa

terça-feira, 10 de maio de 2011

Hora de nos reunirmos ...





Sábado, 26 de março de 2011
Reunião aberta - N.A Narcoticos Anonimos
End: Rua Desembargador Rocha Portela, n° 929 - Artur Alvim - SP
Telefone: 3101-9626




A caminho de uma reunião do grupo N.A para pesquisa de campo, não tínhamos certeza do que podíamos esperar, nossos julgamentos pessoais e sociais sobre esse grupo não nos dizia muita coisa(ou muita coisa boa) a respeito. Não sabíamos se seriam receptivos.
Ao chegar no local, de aparência simples, nos fundos de uma igreja, nosso primeiro contato foi com um tipo de coordenador responsável pela reunião que estava a escrever palavras, creio eu, de "alto ajuda" que suspeitamos ser referente ao programa. Eram essas:


Procure                                      Evite

Honestidade -                            Habitos
Mente aberta -                           Pessoas
Poder superior -                         Lugares
Reuniões -                                 Preguiça
Falar de Si -                               Procrastimar
Passos -                                    Mentir
Familia -                                    Falar do outro


O responsável, sempre gentil entendeu a situação ao explicarmos do que se tratava nossa visita, o mesmo se prontificou de nos ajudar no que fosse preciso.
Enquanto esperávamos o começo da reunião (ou a chegada de mais membros), observamos melhor o local;
Uma mesa cumprida onde material dos N.A era e exposto, entre eles cartazes e livros de leitura.
Na parede um mural informativo mostrando cartazes sobre o grupos de alto ajuda dos N.A e sobre eventos/festas organizadas pelos mesmos. Pelo que nos explicaram, esses eventos tanto servem para lazer dos integrantes como para estar transmitindo os mandamentos dos N.A.

Fomos apresentados aos integrantes a medida que eles chegavam. Ao conversarmos com alguns deles, nos foram passadas algumas regras:
Não divulgar nomes, tirar fotos, ou gravar vídeos, pois essas pessoas presentes necessitavam do anonimato. Regras essas que por nos foram respeitadas.

A Reunião começa. Com visitantes nos é passado informações sobre o que é N.A , a quanto tempo existe, sua origem e seu objetivo. (Dados esses já postados aqui por nós anteriormente).
Reforçando mais uma vez sobre manter o anonimato de seus integrantes e que nós somente poderíamos participar como ouvintes.
"Vocês são as pessoas mais importantes dessa reunião hoje".

Não havia interferência nenhuma de outras instituições (medico,psicologo, etc.)
O único intuito ali passado era de transmitir uma mensagem de que existe uma opção para quem deseja recuperar-se.
Alias, desejo era uma das "palavras chaves". Um adicto para entrar no grupo só necessita de uma coisa: Ter o desejo de parar de usar drogas, por ele mesmo.

Há uma especie de sorteio organizado pelo responsável pela reunião, que utiliza-se de números como identificação dos membros. Esses por sua vez, ao ser sorteado, contra sobre si mesmo. Tempo em que foi ou é ainda usuário, a quantos dias está "limpo", se for o caso, de tudo que já passou por conta das drogas  e sobre sua vida naquele momento. Eles têm de 3 á 4 minutos para falarem, esse tempo é respeitado pelos demais mesmo que o individuo que tenha a palavra fique em silencio.

Todos muito prestativos e unidos com o grupo, considerado por eles mesmo sua família.
Nós podemos notar pessoas de diferentes classes sociais, em sua maioria com dificuldades, falta de aceitação e que viam nas drogas uma "fuga da realidade". A droga funcionava como anestesia para seus problemas e depressão. Muitos tendo seu caráter moldado por conta da droga, sendo capazes de fazer qualquer coisa para estarem de posse da mesma.
Outros carregavam em si visivelmente os efeitos colaterais causados pelas toxinas as chamadas "sequelas", sendo essas permanentes e incuráveis.

Tivemos a oportunidade de conversarmos com o responsável pela "tesouraria" do grupo, que explicou todo o material utilizado ali (desde o café servido aos itens de leitura dos N.A) são comprados a partir de doações feitas pelos membros. O que ele chamou ser de autossustentável.
Esse dinheiro é arrecadado enquanto uma sacola azul passa de mão em mão entre os presentes na reunião. Fomos impedidos de fazer qualquer doação, segundo as regras estabelecidas por eles. Isso vai contra seus mandamentos.
Os tesoureiros assim como o coordenador é eleito pelos integrantes. Se caso sobre alguma quantia, a mesma é repassada para outro grupo dos N.A. conforme informação passada pelo tesoureiro.

Os chamados "Padrinhos", são membros mais antigos e com um tempo limite sem uso de tóxicos, para ajudar algum integrante mais necessitado, tendo esse como ajuda, conversar e conselhos de seu padrinho escolhido por ele mesmo.

Sempre transmitindo os mandamentos dos N.A. durante a reunião, essa seguiu tranquila. Cada membro continha uma historia, essa poderia ou não se ligar a historia do outro, porém todos estavam ali com a ideia de que juntos poderiam se ajudar e ajudar uns aos outros. 
A fé e religião, muito presentes entre eles, havendo orações tanto no começo quanto no fim da reunião, onde encerramos orando de mãos dadas.

"Esse programa tem salvado a minha vida"
- Anonimo.



( Autora: Fabrizia S. Lima )

Descrição da Reunião



Para nosso trabalho de pesquisa de campo, escolhemos o grupo social “narcóticos anônimos”  (N.A.) que é uma organização para ajudar pessoas com dependências químicas.
“Laços que nos unem” é o local que escolhemos para realizar nossa pesquisa. Encontra-se no bairro Artur Alvin na rua Desembargador Rocha Portela número: 929.
Chegando nesta reunião deparamo-nos com um ambiente calmo onde as paredes são pintadas de azul claro para passar um ar de tranqüilidade, imagens e esculturas religiosas, e um mural contendo várias informações sobre eventos e outras reuniões.
A reunião começa com uma oração, logo após cada integrante fala um pouco se quiser de como foi os seus dias anteriores.
Cada membro possui um número que pode ser sorteado para se apresentar, falar sobre suas experiências e de como vem se controlando no decorrer do tempo. O tempo é cronometrado aproximadamente de 4 minutos e mesmo se quem estiver falando não atingir essa meta, continuará sendo contado mesmo o silêncio.
Existe uma predominância de homens no recinto (não julgando que os homens tenham mais tendência a serem narcóticos.)
Confesso que quando chegamos, estava com um pouco de receio pois quando escutamos a palavra “droga” nunca é coisa boa. Mas foi só entrarmos que nos receberam de maneira esplêndida como se fossemos famosos. Dissemos que estávamos realizando um trabalho, e eles apreciaram o tema escolhido por nós.
A reunião era a de número 3075 com duração de aproximadamente 2 horas. Uma curiosidade é que sempre algum membro servia café aos demais.
Todos se preocupam com todos, ninguém é menos importante que ninguém. Essa “família de batalhadores” possui o seguinte lema: “Só por Hoje”  

(Autor  Gustavo Silva Ferreira )

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A Reunião

Grupo: Laços que nos Unem
Endereço: Rua Desembargador Rocha Portela, número 929, Igreja, Artur Alvim - SP
Telefone: 3101-9626
Reunião número 3075 (reunião aberta)
Sábado, 26 de março de 2011

A reunião começa com apresentações dos novos membros do grupo. Até nós nos apresentamos. Nesta apresentação a pessoa diz seu nome e se desejar, o tempo em que está sóbrio. En seguida cada integrante é identificado por um número e através de sorteios cada um tem a oportunidade de falar o que quiser sobre drogas, N.A. ou suas vidas. Se o integrante prolongar o comentário por muito tempo, outro integrante fica responsável em lhe dar e monitorar mais dois minutos para que esse participante conclua seu pensamento. A reunião é conduzida por um integrante que atua como "coordenador" além de outros integrantes que foram nomeados a cargos específicos. Durante a reunião o coordenador volta a agradecer a presença dos novos membros e refrisa qual é a tradição e a leitura - retirada do livro Azul dos N.A. - a ser discutida naquele dia. Um outro integrante do grupo fica responsável em arrecadar e somar o dinheiro doado pelos outros participantes (algo similar a oferta que acontece em missas da igreja); e outro integrante lê a "literatura" do livro Azul. Tanto o começo quanto o final da reunião têm uma oração, sendo que a oração final reuniu todos os membros do grupo juntos, de mãos dadas.
Na reunião não pudemos falar ou comentar sobre nenhum assunto com os participantes e não pudemos filmar, gravar, fotografar ou publicar seus nomes por questões de preservação do anonimato. Porém, durante a reunião, pudemos conversar com eles e chamá-los por seus nomes. Eles também não se importaram ou questionaram sobre a pesquisa que nós estávamos fazendo e não hesitaram em nos contar como o grupo funciona.

( Autora: Regiane Ap. de Souza )